Abaixo segue um texto muito esclarecedor sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado Sindical e o peleguismo como um de seus temas ideológicos. Passa-se abertamente para a defesa da patronal sem nenhum "escrúpulo de consciência". Muito parecido com o que ocorre com as nossas centrais sindicais, que hoje estão tão absortas com as maravilhas que trarão para os patrões o fato de a taxa Selic ter baixado 0,5%.
Comisiones
Obreras: Campeões da hipocrisia e da corrupção
Quim
Boix*
14.Jul.12 :: Outros autores
É
do conhecimento de todos que a multinacional REPSOL-YPF explorava até agora e
especulava (sacando milhões de lucros) com os recursos petrolíferos do povo
argentino. Era a ponta de lança da expansão económica, imperialista e política
de Espanha e do capital europeu nos mercados da América Latina, e numa das
ex-colónias espanholas.
Depois
da decisão do governo argentino de nacionalizar a empresa petrolífera YPF é
surpreendente (para quem não conhece a dependência, cada dia maior, do FMI e
das multinacionais que têm os sindicatos filiados na Confederação Sindical
Internacional (CSI)) a reacção dos sindicatos espanhóis CC.OO. e UGT que
«mostram o seu desacordo e rejeição com as decisões do governo argentino em
relação à YPF». Sindicatos que ainda para muitos (demasiados) explorados
espanhóis, continuam «a defender os direitos dos trabalhadores».
O
comunicado das CC.OO. expressa textualmente que «as CC.OO. reiteram a sua
oposição à decisão do Governo argentino, que qualifica de grave erro, e
avaliará os esforços do Executivo espanhol e da direcção da empresa para
defender os interesses sociais, políticos, económicos e jurídicos que estão em
jogo». À direcção das CC.OO. nem a preocupa que o Executivo seja o PP, os
fascistas ex-franquistas e muito pro-capitalistas espanhóis.
É
inaceitável para qualquer defensor da justiça e da equidade que, para confundir
a consciência de classe dos explorados espanhóis, um sindicato como as CC.OO.,
que há muitos anos era um sindicato combativo, apoie publicamente os interesses
de uma multinacional petrolífera e critique a nacionalização dos recursos naturais
de um povo, neste caso o argentino. É óbvio que muitos sindicatos europeus
ganham dinheiro e prebendas com a sua participação nas instituições do sistema
burguês, com a exploração das fontes de recursos naturais do planeta.
O
principal argumento da direcção das CC.OO. é o dano que esta decisão causará
aos accionistas e pequenos accionistas da Repsol. Apesar de tudo isso,
adaptou-se rapidamente à expropriação da YPF pela Argentina. Sem incluir esta
filial, o grupo obteve (enquanto nós os trabalhadores todos os dias sofremos
novos cortes) um lucro líquido até Março de 643 milhões de euros, uma subida de
12,4%. Se lhe acrescentarmos a YPF o resultado foi de 792 milhões, uma subida
de 3,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Tudo isto, explorando
os seus trabalhadores e continuando a etapa colonial europeia na América
Latina.
As
direcções da CC.OO. e da UGT andam de mãos dadas com as multinacionais e os
capitalistas, tal como também anda a sua Confederação Internacional (CSI), que
até aplaudiu as decisões do G-8 na sua última reunião do mês de Maio. Trata-se
de um exemplo característico dos interesses que defendem estes dois sindicatos
que recebem (pouco em comparação com o que obtêm como contraprestação das
multinacionais que controlam o FMI, o BM e o G-8) todos os anos grandes somas
de dinheiro do governo espanhol e uma quantidade muito superior da União
Europeia (UE). O montante que estas organizações receberam do Orçamento de
Estado de Espanha ultrapassou em 2010 os 10 milhões de euros. Uma parte
destinou-se a investimentos sindicais na América Central e América Latina.
Hoje
já não há lugar para auto-enganos, as cúpulas dos sindicatos amarelos não vão
mudar de rumo, nem vão liderar a luta de classes. Não lhes interessa nem está
nos seus objectivos. Na realidade, nos seus documentos e proclamações há muitos
anos que falam de «agentes sociais» em vez de «classes sociais». Até a sua
linguagem deixaram «domesticar».
América
Central, Caribe e América Latina devem saber que as antigas CC.OO. (as que
durante decénios combateram a ditadura fascista de Franco, as que pagaram a sua
heroica luta com dezenas de assassinados, com centenas de torturados e com
milhares de encarcerados, despedidos e exilados; as que foram filiadas na FSM,
que sempre as apoiou contra o ditador), não existem. Afundaram-se no meio da
corrupção, dos escândalos financeiros e na aproximação às multinacionais.
Perante
esta realidade apenas a Federação Sindical Mundial (FSM) mantém uma autêntica e
clara posição de classe, e por isso temos de nos felicitar. Demonstrou, desde a
sua fundação em Paris em 3 de Outubro de 1945, ser a única Organização Sindical
Internacional independente e combativa.
Sobre
a nacionalização da YPF a FSM divulgou imediatamente um comunicado que começava
por dizer: A Federação Sindical Mundial em relação às relações tensas entre a
Argentina e Espanha defende que é inaceitável que os monopólios e as
transnacionais saquem as fontes de recursos naturais de cada país». E
acrescentava: «A FSM expressa a sua solidariedade com a luta das organizações
sindicais de classe da Argentina que exigem o fim da exploração capitalista,
cessar o roubo da riqueza natural do país por parte da Repsol-YPF e outras
transnacionais».
Nós,
sindicatos de classe do Estado espanhol estamos de acordo com estas afirmações
e também com a conclusão que encerrava o texto da FSM: «Para a classe
trabalhadora e os povos de todos os continentes a solução fundamental e
definitiva não será dada por rivalidades inter-capitalistas, mas através da
socialização dos monopólios e dos cartéis empresariais.
Saudações
de classe e internacionalistas.
*
Fundador das CC.OO., actualmente Secretário-Geral da Central Sindical Unitária
(CSU) de Pensionistas e Reformados de Espanha e membro do Conselho Presidencial
da Federação Sindical Mundial (FSM)
Retirado
de http://odiario.info/
Este
texto foi publicado em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário