A recente carta do MTST deruptura com a CSP-CONLUTAS expôs a luz a prática comum nos partidos de
esquerda, principalmente os de orientação Trotskista, que é o de conseguir
deslocar quadros das fileiras de outras organizações, freqüentemente até
Trotskistas. É o caso da ruptura de Miguel Malheiros que foi da CST para o
PSTU, Tostão, Junia e que hoje formam o CSOL no PSOL, etc.; são inúmeros os
exemplos.
Mas para tudo se tem
conseqüências, algumas podem ir da mais simples desmoralização moral e
militante por parte do “derrotado” (tal militante nunca foi quadro, sempre foi
oportunista, não presta por isso ou por aquilo, ou aquilo outro), até problemas
de relação locais ou nacionais. É o caso da relação da CST com o PSTU em São
José dos Campos, como foi à relação do MÊS com a CST por muitos anos em Porto
Alegre. E esse nível de tensionamento existente entre as correntes de esquerda
e plano prático entre autoconstrução partidária impossibilita uma relação que
seja capaz de avançar em um instrumento de organização sindical capaz de unificar
os setores a esquerda do governo do PT.
É consenso que para
enfrentar os ataques do PT a frente do governo rearticular a esquerda e
unificá-la em um Organismo de Frente Única, amplo e democrático, é uma tarefa
importante a ser feita. No entanto, a conjuntura dispersão do movimento
sindical impõe como tarefa imediata organizar pela base e ganhar para a luta os
sindicatos que permanecem no controle do PT e da Força Sindical.
Assim há uma contradição
escancarada, contudo mediada pela própria conjuntura política. Se de um lado o
mais importante é unificar os setores a esquerda do governo do PT,
politicamente cada setor busca se construir e fortalecer separadamente. O PSTU
reforça o afastamento dos setores em torno da CSP-CONLUTAS, seja pela política
esquerdista no CONCLAT, seja pela prática de disputa de quadros das outras
organizações. Mas esse comportamento não é exclusivo do PSTU, temos também, por
exemplo, a Unidos Pra Lutar, que mantém uma política semelhante, em que é
preferível continuar pequeno de que participar de um espaço que não se dirige.
A crise do fim do regime
militar, a formação do PT e da CUT surgiu em uma crise do regime, a
reorganização sindical e política aberta a partir da reforma da previdência de
2003 com Lula abriu uma crise no PT e não no regime; O fortalecimento do regime
democrático (burguês) com a consolidação constitucional abre margem para a existência
de diversos instrumentos e jogam a possibilidade de uma Frente Única para
escanteio.
O fracasso do CONCLAT e a
saída do MTST só demonstram que a CSP-CONLUTAS e o PSTU são incapazes de
construir a unidade necessária e avançar na reorganização da classe trabalhadora
e de seus instrumentos, e essa incapacidade tende a piorar, em uma conjuntura
em que o fortalecimento eleitoral do PSTU ganha o centro da atividade
partidária, o PSTU precisa transformar a autoridade via CSP-CONLUTAS em uma
autoridade eleitoral, e fazer isso em unidade com o PSOL parece mais
dificultoso, mesmo com a aplicação formulada de “unidade-diferenciação”.
A saída do MTST é só mais um
passo de uma conseqüência inevitável. Na CSP-CONLUTAS ficará política e
sindicalmente no controle do PSTU, mas esse controle será da entidade, e não da
classe. Os trabalhadores continuaram dispersos, até que se queira fazer uma
política sindical séria e acima de tudo honesta.
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